Vi dia desses alguém que outrora foi grande amigo. Na calçada oposta, num álbum antigo de fotos ou num perfil atualizado de orkut. Foi ele, mas poderia ter sido ela, ou eles. Foram tantos, já. Pessoas que passam por nossas vidas por alguns dias, às vezes anos até, e depois evaporam. Perdemos os contatos, os laços. Certas vezes mais o segundo do que o primeiro, já que, com a infinidade de meios para nos comunicarmos hoje em dia, maneiras de se achar velhos conhecidos é que não faltam. Mas nem sempre podemos, ou queremos. As pessoas mudam, seres humanos evoluem, eu envelheço. Estranho ver alguém que, em certa época da vida, já foi confidente, de trocar segredos, de abraçar apertado, de ligar pra pedir favor e emprestar consciência. E hoje é um desconhecido. Alguém que vejo em imagens recentes e não reconheço o olhar, alguém que vejo num novo círculo de amigos e não há traço familiar. Alguém que já soube de minhas dores, risos e desamores, das minhas rimas cafonas, das inseguranças noturnas e paixões oblíquas. Mas uma pessoa que hoje nem mais o nome me soa próximo. Como uma roupa usada da coleção passada, que ficou pequena ou gasta com o tempo: não cabe mais e tampouco reconhecemos sua utilidade no presente, sequer há falta ou ausência latente – se houvesse, teria mantido junto, e não sumido. Mas já fez parte de alguma história, da minha vida. De mim.
sexta-feira, 2 de abril de 2010
Achei no buzz também.
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